Lilian Senger
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Quando a ANSIEDADE ou o ESTRESSE atingem um nível muito elevado,
a pessoa apresenta vários sintomas emocionais e físicos, e muitas vezes é levada
à emergência hospitalar com taquicardia, falta de ar, suores, tremores e um medo
muito grande de morrer.
Surgem a angústia e os medos de sair de casa e ter uma nova crise, de dirigir e passar
mal, de viajar, de trabalhar, enfim a vida atrelada a um estado constante de apreensão.
Saiba mais:
O que vem a ser PÂNICO ?
A palavra parece assustar por si só muitas pessoas.
Seu significado no dicionário:
medo e susto súbitos e infundados.
Ao perceber sensações como taquicardia, falta de ar, tontura, sensação de desmaio,
imediatamente a pessoa relaciona estas a algo muito grave.
Assim a ansiedade vai aumentando cada vez mais, provocando mais sensações e mais
medos, até atingir um pico máximo ( PÂNICO).
Após algum tempo, as sensações começam a decrescer até cessarem por completo.
A partir daí desenvolve-se na pessoa um estado de vigilância constante.
Como por exemplo: verificar se seu coração está batendo descompassadamente,
medir a pulsação, verificar se está transpirando muito etc... Assim passa a evitar algumas
situações ou atividades como:
fazer exercícios, caminhar, ter relacões sexuais e outras tantas atividades.
Ou seja, começa a se sentir como uma prisioneira de suas próprias sensações.
O Transtorno do Pânico esta classificado dentro dos Transtornos de Ansiedade no DSM IV- Classificacão da Associação Norte Americana de Psiquiatria.
Caracteriza-se por um conjunto de sensações ou de algumas sensações específicas, que
ocorrem de forma abrupta e repentina, como achar que está tendo um ataque cardíaco,
que está enlouquecendo, que pode desmaiar ou que está perdendo o controle.
Estas sensações costumam levar a pessoa às emergências hospitalares.
A pessoa é invadida por um sentimento de apreensão e tensão. Sente que algo muito
grave está prestes a acontecer, como enlouquecer ou morrer.
Este sentimento vem acompanhado de algumas ou muitas sensacões físicas ou
somáticas, tais como:
O Transtorno do Pânico pode tambem estar associado a AGORAFOBIA, então além
destes sintomas descritos acima, aparecem:
O Transtorno do Pânico está associado a Depressão em 50% a 65% dos casos.
Foi observado no tratamento de pacientes com o Transtorno, que apesar do primeiro
ataque de Pânico aparecer de forma súbita e inesperada, estes pacientes já haviam
passado por acontecimentos envolvendo perdas, episódios depressivos, ou situações
muito estressantes com significado de perigos futuros.
Pode estar associado às Fobias Específicas como por exemplo: de cães, aranhas,
andar de elevador, alturas, locais fechados, viajar de avião, atravessar túneis etc...
Pode estar associado às Fobias Sociais como: medo de falar em público, enrubescer,
ir a festas etc...
Pode estar associado a Ansiedade Generalizada: uma simples dor de cabeça é
entendida como algo muito grave.
Pode estar associado ao TOC ( Transtorno Obsessivo Compulsivo). Por exemplo,
o medo de contaminação, levando à crises de Pânico
Pode estar associado ao Estresse Pós Traumático. Após evento traumático, a
ansiedade fica extremamente elevada, podendo desencadear crises de Pânico.
Pode estar associado a Ansiedade de separacão na infância: mais tarde na vida adulta
podem aparecer crises de Pânico frente a situações que remetam à sensações antigas
de perda e abandono.
Pode estar associado ao uso de substâncias como: álcool, cocaína, anfetamina,
cafeína, maconha, barbitúricos, ecstasy, LSD.
OS ATAQUES DE PÂNICO
Podem ser periódicos (podem ocorrer inesperadamente e em várias situações)
repletos de sensações físicas e emocionais.
A pessoa que é tomada por um ataque de Pânico uma vez,
Passa a temer ter outros ataques ou crises.
Passa a temer os efeitos físicos do Pânico.
Passa a temer as consequências que as crises provocam nas relações familiares e
de trabalho.
Passa a temer afetos mais intensos.
Passa a se sentir insegura e duvidar de si mesma.
O Transtorno do Pânico, como os ataques ou crises de Pânico, vem sendo tratados
como sendo um mal dos tempos atuais, devido as exigências e expectativas da sociedade
moderna e da vida urbana nos grandes centros.
O aumento da ansiedade e do estresse, sem dúvida, pode contribuir para o desencadear
de uma crise de Pânico ou para seu agravamento, mas não é um transtorno da
modernidade. Já em1895, Freud descreve em seu trabalho a Angústia e o Pânico.
A VISÃO DA PSICANÁLISE
A Neurose de Angústia foi descrita por Freud em 1895 em ( Inibicões, Sintomas e Angústia).
Segundo a Teoria Freudiana, inicialmente, o bebê se encontra em estado de desamparo.
Recebe excitações tanto internas quanto externas e ainda não é possivel ter o controle
destas excitações.ou seja, seu organismo se vê inundado por sensações que ainda não
podem ser definidas.
Se estabelece, então, a Angústia, que é uma vivência traumática para o bebê (Fenichel).
Mais tarde, esta angústia que foi estabelecida, passa a ser reativada por situações de
difícil controle para o Ego, e de intensa excitação do organismo.
Quando o Ego aprende a controlar estas excitações vindas de dentro ou de fora,
utiliza-se de medidas protetoras contra eventuais perigos.
Na Neurose de Angústia ou Angústia Neurótica, ao invés do Ego utilizar as medidas
protetoras contra o estado traumático (Angústia), precipita este mesmo estado.
É o Pânico! O Ego mesmo produziu algo que não pode controlar.
Pode-se falar em disposição latente para o desenvolvimento do Pânico. São pessoas
que vivem em estado constante de tensão, assim qualquer percepção de perigo feita
pelo Ego, dispara o estado de Pânico.
Fenichel: distingue tres diferentes estados:
1- Trauma: angústia automática e inespecífica
2- Perigo: é o sinal de advertência do Ego. A angústia está a serviço do Ego, usada
como sinal.
3- Pânico: o contole do Ego falha, a sensação é esmagadora, regressão ao estado
1- Trauma
A VISÃO NEUROBIOLÓGICA
Segundo a Neurobiologia, nosso organismo apresenta um sistema de alerta (função cerebral)
que funciona sempre nas situações que exijam luta ou fuga, para reagir à ameaças e
perigos como, por exemplo: desviar de um carro desgovernado, evitar o ataque de
algum animal, segurar rapidamente uma criança prestes a cair de algum brinquedo etc...
O que ocorre nas crises de Pânico? Este sistema de alerta que possuímos é ativado
sem haver necessidade. Não existem ameaças concretas. Assim surgem reações
intensas e desnecessárias
Observa-se então a importância de se ter uma visão que associe os dois fatores:
os fatores Psiquícos (Psicanálise) associados aos fatores Neuroquímicos (função cerebral/Neurotransmissores). Esta visão mais ampla e abrangente do Transtorno
é a que orientará o tratamento. Ver Tratamento do Transtorno do Pânico, crises
ou ataques de Pânico.
Grandes são os prejuízos para as pessoas que sofrem de crises de Pânico.
Começam a evitar todas as situações que acreditam poder precipitar estas crises.
Deixam de sair de casa com medo de passar mal, deixam de viajar de avião ou de
carro, de andar de elevador, de ir a shoppings, cinema, teatro, shows etc...
Passam tambem a se isolar, evitando encontrar pessoas, preferindo ficar em casa,
mas sempre com alguem, por temerem passar mal e não ter ninguem para socorrer.
Quando são obrigadas a sair, procuram se munir de muitas garantias, tais como:
se podem sair do local com facilidade, verificam portas e saídas, se o local é em andar
baixo ou alto, se terá que utilizar o elevador etc...
Normalmente a pessoa não percebe que suas variadas sensações estão ligadas ao
seu estado emocional/psicológico/ansioso.
Antes de buscarem a ajuda de um profissional da área de Psicologia ou Psicanálise,
buscam o médico Cardiologista, o Neurologista, o Clinico Geral.
Suas queixas são apresentadas ao médico como sendo de ordem somática. Muitas
das vezes acreditam estar tendo um ataque cardíaco, um AVC, ou outro problema
grave de saúde física.
Daí a importancia dos profissionais de saúde saberem lidar com o paciente e fornecerem
as orientações necessárias ao devido encaminhamento deste paciente, que sofre de
uma dor que, embora ele acredite ser física, é desencadeada por um estado emocional
que pede ajuda, apoio, atenção e principalmente, tratamento adequado.
A questão que surge é que a maioria das pessoas que apresentam o transtorno, ou
ataques ou crises de Pânico, dificilmente aceitam tratamento, considerando inaceitáve
l que apresentem algum problema de origem emocional.
Acreditam estar sempre no controle, se consideram fortes e resolvidas, ”cabeça feita”
e qualquer sinal maior de ansiedade, avaliam como sinal de fraqueza, de fragilidade.
Costumam desqualificar os problemas psicológicos ou emocionais, tanto os seus
como o de outras pessoas.
Levam bastante tempo, muitas vezes anos, sofrendo e fazendo uma verdadeira
”via crucis” à varios médicos de diferentes especialidades, até que concluam que seus
problemas fazem parte da esfera emocional e não física ou orgânica.
Que seus problemas não são sinal de fraqueza emocional, mas sim que o organismo
como um todo (incluída a esfera Psíquica) pede socorro e precisa receber tratamento
adequado.
TRATAMENTO DO TRANSTORNO DO PÂNICO
Está indicado o tratamento com psicoterapia para Transtorno do Pânico, tanto com,
ou sem Agorafobia.
Serão trabalhados durante o processo vários conflitos que chegam até o paciente através
da ansiedade. Como por exemplo: Conflitos ligados a perdas, à sexualidade, à agressividade, mecanismos de defesa que são ativados para aliviar a ansiedade, problemas de
relacionamento com o parceiro ou nas relações familiares e interpessoais, frustrações,
decepções, ressentimentos, estresse, raiva projetada contra o meio ambiente, desejos
de dependência.
A este tratamento ainda são associadas técnicas de Terapia Comportamental, de respiração
e relaxamento
Ao mesmo tempo em que são trabalhados os conflitos, a respiração é controlada,
já que se torna acelerada durante as crises.
As técnicas de relaxamento permitem uma tranquilização e acesso ao corpo como
totalidade.
Em casos mais intensos ou graves, em que a vida da pessoa está comprometida e
prejudicada pelo transtorno, associa-se ao tratamento psicoterápico, o uso de medicações
indicadas e prescritas pelo médico Psiquiatra.
Com o auxílio da medicação, os sintomas diminuem e o trabalho da psicoterapia torna-se
mais efetivo, já que conta com mais disponibilidade interna do paciente em coopera
r e elaborar.
Para mais informações, entre em contato direto: 99942 0888